Desde o ano de 1994, o Real é a moeda corrente oficial do Brasil. Mas poucas pessoas sabem que existem também outras moedas circulando em várias cidades e bairros do Brasil, que geram lucro e cria renda para comunidades. São elas as moedas sociais, geralmente implementadas em lugares com baixo índice de desenvolvimento na localidade para estimular o comercio no bairro ou cidade.
As moedas sociais e Banco Comunitário começaram no Banco Palmas, primeiro banco comunitário do Brasil, que foi fundado em 1998 para beneficiar os bairros Conjunto Palmeira, bairro da periferia de Fortaleza. Logo depois no ano 2000, nasceu a moeda social Palmas, e o sucesso do banco deu condições para que, em 2003, fosse criado um Instituto chamado de Instituto Palmas, que vem ajudando na abertura da maioria dos bancos comunitários no Brasil. A partir daquela data, surgiram Tupis, Mirins, Zumbis e Curumins, várias moedas alternativas aceitas em algumas comunidades do Rio de Janeiro. Em São Paulo, temos Apuanãs, Freires, Sampaios, Vistas Lindas e Moradias em Ação, são só alguns exemplos.
Logo quando se fala em moeda social e Banco comunitário a pergunta que se vem é: Mas como funciona a circulação desse moeda? É muito simples: em primeiro o morador faz a troca de Reais pela moeda social local no banco comunitário da região. Depois faz a compra com ela em estabelecimentos comerciais da própria comunidade, que são cadastrados no banco comunitário e até oferecem desconto nos produtos comprados com a moeda social. Os comerciantes e empresários trocam a moeda social recebida por Real – pagando uma pequena taxa – no banco comunitário da localidade, que por sua vez reverte o câmbio em investimentos na própria comunidade, como obras, melhorias em escolas e novos empreendimentos.
Desta maneira, todos saem ganhando: com o desconto nos produtos, o consumidor aumenta o poder aquisitivo e é estimulado a comprar mercadorias na seu bairro, no local onde morra, e os comércios locais ganham com a fidelização dos consumidores e valorização do comércio local. Já a comunidade como um todo ganha com os investimentos para melhoria da região. O objetivo é gerar riqueza e sustentabilidade no bairro, uma vez que a riqueza da comunidade gira nele próprio. Além disso, o uso da moeda social é voluntário, nenhum membro da comunidade é obrigado a utilizá-la.
No entanto, para cada moeda social é preciso ter um real no banco, desta maneira o número de moedas sociais em circulação não desestabiliza a economia do país. A cotação da moeda social é a mesma do Real, e o seu propósito não é substituir a moeda oficial, mas sim funcionar como um complemento para fortalecer as economias das comunidades
No Brasil, o Ceará é a unidade da federação que mais concentra moedas alternativa. Em Fortaleza, por exemplo, já existe até cartão de crédito para fazer compras com a moeda alternativa, que é o caso do Palmacard. Mas o Brasil não é o único a circular esse tipo de moeda. Na Argentina, por exemplo, após a crise econômica de 2001, as moedas alternativas chegaram a atingir quase um milhão de pessoas. Há iniciativas também no México, na Bolívia, Chile, Peru, Austrália, Japão, Estados Unidos, França, Inglaterra, Bélgica, entre outros.
Tanto a moeda social alternativa quanto o banco comunitário são de propriedade e controle da associação, ou seja da comunidade. É a entidade junto com a comunidade que se organiza, por exemplo, para discutir questões como juros e diretrizes dos bancos comunitários ao conceder crédito aos moradores.
Tais bancos são criados através de convênio das associações, como as de moradores por exemplo, com o Instituto Palmas. Para isso, não é preciso pedir autorização ao Banco Central, apenas é comunicada a criação de um novo banco e de uma nova moeda social. Para certificar a nova moeda, o Instituto Palma disponibiliza um selo e alguns elementos de segurança que evitam a falsificação.
Nilton Alves